12.9.11

Janela Azul
impressão digital s/ tecido 1,10 x 0,80 m.





Exposição Mestres PPGART 2011
integra o 6° Simpósio de Arte Contemporânea: Fotografia Analógica e Digital

"Nos processos criativos o artista apresenta uma subjetividade silenciosa captada em um dado instante através de tomadas fotográficas e videográficas, cujas imagens surgem reveladoras da ausência e presença dos corpos nos deslocamentos de passagem do tempo. Afinal presente passado e futuro, estão vinculadas a experiência vivida pelo artista partilhada no conjunto da obra: ... seja ela reveladora de um percurso inventariado por fotografias resultantes  de um olhar atento, como no caso de Kelly Wendt.... Como dimensão da imagem... de deslocamentos sensíveis na exploração da luz, de trajetos peculiares próprios de quem percebe o tempo, a matéria para consolidar nas poéticas visuais o percurso do artista pesquisador."

Curadoria: Nara Cristina Santos.

23.5.11

Vídeo: Trem no olho

Este vídeo (produzido a partir de fotografia de camerafone) foi apresentado na instalação Panorâmicas- Estação Férrea na sala Copesul, no Museu de Arte de Montenegro (antiga estação férrea de Montenegro) juntamente com imagem e adesivos.




25.4.11

Exposição Tempo- Espaço- Matéria: Fundação Hassis



TEMPO- ESPAÇO- MATÉRIA
Exposição até 13 de maio-  Fundação Hassis-  Florianópolis-SC

Matéria- Tempo- Percurso
...
Interconectando um ir e vir entre o que é, projetado sobre o que será, e o que foi nos processos criativos, o artista apresenta uma subjetividade silensiosa captada em um dado instante através de tomadas fotográficas e videográficas, cujas imagens surgem reveladoras da ausência e presença do corpo nos deslocamentos da passagem do tempo. Afinal passado, presente e futuro, estão vinculados à experiência viviada pelo artista e partilhada no conjunto da obra: seja ela resultado da materialidade do objeto e das relações de deslocamento no espaço tempo da instalação; seja ela reveladora de um percurso inventariado por fotografias, resultantes de um olhar atento; ou, ainda, uma construção fluída do tempo, imagens de paisagens sonoras em movimento.
...
Nara Cristina Santos/ Curadora (PPGART/UFSM)

Matéria- Ornamento- Montagem
...
Neste espaço que contempla tanto um desejo de revelar o objeto artístico através de minúcias figurativas ou detalhes decorativos, como de acolher os rebatimentos entre o olhar e visão, a obra de arte permite que possamos nos pensar como seres olhados no espetáculo do mundo (LACAN,J.), sendo que as imagens ali contidas remetem ao mundo o qual ela(s) continua(m) afirmando coisas em seu desaparecimento (BLANCHOT, M.). Assim pensando o ornamento enquanto presença-ausência trabalhada como matéria artística, situando a imagem na calma absoluta do que encontrou seu lugar, aqui e em parte alguma, é onde se passa a ação, impossibilitada de voltar à superfície que restou. Trata- se de uma matéria que surge em sua pertubadora estranheza, confirmando- se como a mais inescapável condição, da qual os viventes tentam contornar, pois fora de nós, no recuo do mundo que ela provoca, situa- se desgarrada e brilhante, a profundidade de nossas paixões.
Rosângela Cherem/ Curadora (PPGAV/UDESC)


Exposição coletiva TEMPO-ESPAÇO-MEMÒRIA, Fundação Hassis, Fpolis-SC

http://www.ceart.udesc.br/Eventos/2011-04-18_tempo_espaco_materia.php

7.2.11

Exposição Satolep de Olhos Cerrados


Agápe Espaço de Arte abre no dia 9 de fevereiro às 19 horas a exposição Satolep de Olhos Cerrados da artista Kelly Wendt. A exposição reúne trabalhos realizados no período de 2009 a 2011 com a pesquisa em arte Deolhoscerrados: Visões sem lembranças. Eles compõe uma espécie de inventário das arquiteturas lacradas de Pelotas, na zona do porto e centro. Esse inventário está disposto de diversas formas, em arranjos fotográficos, sob forma de múltiplos e vídeos. A poética da artista consiste em percorrer Pelotas e capturar através do câmerafone (câmera de celular) as casas lacradas. Essas são reproduzidas de diversas formas: objetos, múltiplos e ações para a divulgação desse inventário. Muitas vezes realizadas de forma lúdica e crítica ao sistema de arte, criando um paradoxo no reconhecimento do espectador ao objeto de arte. Haverá também o lançamento do trabalho Álbum SatolepCromos, uma publicação para colecionar e colar as fotografias da Satolep deolhoscerrados. A pesquisa foi realizada junto a Universidade Federal de Santa Maria sob apoio da Capes. Ágape Espaço de Arte está localizada na rua Anchieta, 4480, informações pelos telefones 30284480 e 84166762.

26.10.10

9º VAGA-LUME: MOSTRA DE VÍDEO EXPERIMENTAL DO INSTITUTO DE ARTES – UFRGS

http://www.artes.ufrgs.br/geral.asp?id_secao=353&nome_secao=2010&id_secao_mae=97

Coordenação geral: Maria Lucia Cattani
Pelo nono ano consecutivo o Programa de Pós-graduação em Artes Visuais e seu Laboratório de Infografia e Multimeios – LIMIA, em parceria com o Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes da UFRGS, Prorext e Propesq apresentam a Mostra de Vídeo Experimental Vaga-lume. Serão exibidos vídeos de 22 alunos e de 7 professores da UFRGS, UFPel, UFSM e FURG e dois vídeos da artista convidada Leila Danziger, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.


Entre os alunos participantes estão: Carlos Eduardo Galon da Silva, Fernanda Manéa, Gustavo Lucian Pflugseder, Kelly Wendt, Letícia Bertagna, Juliano Ventura, Patrick Tedesco e Luciano Mello.


Entre os professores participantes estão: Chico Machado, Maristela Salvatori e Rebeca Stumm.

Pré-estréia: 20 de outubro de 2010, quarta-feira às 19h.

Visitação: 21 a 29 de outubro, das 10h às 18h.

Mostra de vídeo-arte é inaugurada na Pinacoteca do Instituto de Artes

http://www.ufrgs.br/comunicacaosocial/agendao/acontece.html

A 9ª Mostra de Vídeo Experimental Vaga-lume, que propõe a divulgação da produção de vídeo-arte realizada pela comunidade acadêmica, terá sua abertura às 19h do dia 20 de outubro, quarta-feira, na Pinacoteca Barão de Santo Ângelo. As edições da atividade ampliam cada vez mais a abrangência do evento com exibições realizadas na TVE, na UFRGS TV, na Universidade da Bahia e na Politécnica de Valência, da Espanha. O principal objetivo é estimular a criação artística e incentivar a produção dos alunos da Universidade, realizando também a mediação desses trabalhos com a comunidade acadêmica e o público em geral. Neste ano, a Mostra conta com a participação de alunos e professores das Universidades Federais de Pelotas, de Santa Maria e de Rio Grande. Ao todo, serão exibidos 22 vídeos de alunos, sete de professores e dois de Leila Danziger, artista plástica convidada que atua como professora do Instituto de Artes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Carlos Eduardo Galon da Silva, Fernanda Manéa, Gustavo Lucian Pflugseder, Kelly Wendt, Letícia Bertagna, Juliano Ventura, Patrick Tedesco e Luciano Mello são os alunos participantes e Chico Machado, Maristela Salvatori e Rebeca Stumm os docentes que irão exibir seus trabalhos. A exposição permanece aberta à visitação até 29 de outubro, de segunda a sexta, das 10 às 18h, na Pinacoteca do Instituto de Artes e tem entrada franca.


O QUE: 9º Vaga-Lume – Mostra de vídeo experimental do Instituto de Artes
QUANDO: até dia 29 de outubro, de segunda a sexta, das 10 às 18h
ONDE: Pinacoteca Barão de Santo Ângelo do Instituto de Artes (Rua Senhor dos Passos, 248, 1º andar)
QUANTO: Entrada franca
INFORMAÇÕES: Telefone: 33084302 ou pelo e-mail iapin@ufrgs.br

24.8.10

Exposição de kelly wendt Jabutipê


De Fora Para Dentro será a próxima exposição no Jabutipê. A abertura está marcada para o próximo sábado, dia 28, das 19 às 22 horas. Kelly Wendt transporta para o espaço expositivo do Jabutipê através de uma sequência de fotografias e vídeo a fachada de um prédio que ocupa uma quadra, às margens do canal São Gonçalo, porto de Pelotas. O lugar ponto de partida e fonte da idéia é um prédio abandonado, jogado ao destino, ficando suas paredes com algumas portas e janelas cerradas. Redentor é o seu nome e assim está escrito em sua fachada. Uma visão melancólica do passado – um dia próspero e hoje remoto.

Como diz Ana Zavadil, crítica de arte e curadora indepedente, "O seu processo criativo pretende abrir lacunas para novos olhares em relação ao abandono e produzir espaços de contágio que possam espalhar ecos sobre a sua ação de dar visibilidade às casas, resgatando a própria memória da cidade".Leia o texto de Ana Zavadil na íntegra nos sites http://www.jabutipe.com.br e http://www.deolhoscerrados.blogspot.com


De fora para dentro
Kelly Wendt
Abertura 28 de agosto sábado das 19h às 22h
Visitação de 28/8 a 18/9/2010 de terças a sábados das 15h às 19h
Jabutipê – Rua Cel. Fernando Machado, 195 Porto Alegre / RS
Informações pelo telefone (51) 9196-4860
Ou pelo e-mail antonioaugustobueno@yahoo.com.br






22.8.10



De fora para dentro


Por Ana Zavadil



Kelly Wendt transporta para dentro da galeria o seu objeto de pesquisa – as casas de olhos cerrados – resgatadas pela fotografia através de celular. O corpo da artista funciona como caixa de ressonância entre o fora e o dentro quando propõe a troca: trazer as casas para dentro.

O seu sítio de atuação é a cidade de Pelotas que, em sua planaridade, sugere caminhadas extensas e no seu decorrer proporciona o encontro com muitas dessas casas, cujas portas e janelas estão cerradas por tijolos ou tapumes. Este fato faz com que elas percam a sua identidade e se transformem em corpos sem vida instaurando dualidades entre o escuro que habita o lado de dentro e o invisível do lado de fora.

Kelly investiga os meios de chamar a atenção para essas casas e lança mão de meios publicitários como banners, pôster, botons, outdoors, postais, mapas adesivados, materiais pertencentes à linguagem publicitária usada para seduzir o público. O seu processo criativo pretende abrir lacunas para novos olhares em relação ao abandono e produzir espaços de contágio que possam espalhar ecos sobre a sua ação de dar visibilidade às casas, resgatando a própria memória da cidade.


De fora para Dentro

O lugar ponto de partida e fonte da idéia é um prédio que ocupa uma quadra, as margens do canal São Gonçalo, porto de Satolep. Abandonado, jogado ao destino, ficaram suas paredes com algumas portas e janelas cerradas. Redentor é seu nome, assim está escrito em sua fachada. Uma visão melancólica do passado um dia próspero e hoje remoto.
De fora pra dentro é o nome sugerido para o trabalho da Jabutipé, que pretende elucidar aos olhos do espectador a paisagem côncava de um sobrevivente do passado próspero de Satolep. A imagem convexa da quadra do Redentor se transforma num envolvente ambiente para ser observada a decorrência da ação humana na modificação do ambiente e do espaço urbano.
A exposição é composta por fotografias e vídeo, significa além do trabalho, o registro de uma ação indispensável para o mesmo.
Kelly Wendt

11.8.10

Olhando o que não vê: pôster




Exposição Outros Lugares/ UFSM- Chico Lisboa


Esta exposição reúne artistas, mestrandos e graduados em Artes Visuais da UFSM, cujas pesquisas apresentam olhares diferentes na produção da imagem, a partir das tecnologias e mídias digitais. Das fotografias do espaço urbano de Carlos Dinaduzzi às manipulações fotográficas do corpo em cena de Karine Perez, definidas pela hibridação entre o analógico e o digital, a imagem constituíse nos fragmentos. Da presença do corpo de Cláudia Schulz, que transcende a ação perfomática introduzindo- se no ciberespaço, à personagem Entidade de Cláudia Loch, que migra da urbis ao ciber, o corpo constitui- se em imagem no território expandido pelo ambiente virtual. Do percurso urbano de Kelly Wendt fotografando ao celular casas com as aberturas lacradas, em silêncio, aos experimentos em vídeo de Fernando Codevilla, captados na paisagem urbana, com ruído, são exploradas imagens reveladoras da ausência e presença humana, deslocados na passagem de tempo. Do jogo, como intenção artística de Anelise Witt, a imagem resulta de um programa informático para grafar nossos desejos, uma pretensão de nos aproximar da tecnologia digital. Talvez a mesma, desta mostra.





Nara Cristina Santos


Curadora Doutora em Artes Visuais UFRGS/2004. Professora UFSM e Coordenadora do PPGART



Chico Lisboa » Outros Lugares - Santa Maria

Chico Lisboa » Outros Lugares - Santa Maria

29.7.10

Stand para olhos cerrados




Adesivo e cubo (quatro faces deolhoscerrados): materiais que compõem site specific Stand para Olhos Cerrados




Stand para Olhos Cerrados/ MASM/ JULHO/2010


Kelly Wendt revela seu percurso pelo espaço urbano na cidade de Pelotas, através de fotografias da arquitetura, que constituem o conjunto de imagens reproduzidas em múltiplos. Estes produtos de divulgação publicitária como boton, camiseta e banner, inseridos no campo artístico, têm a pretensão de dar visibilidade e divulgar o que artista define como "o drama das casas lacradas". Com a exposição Stand para olhos cerrados Kelly apresenta, mais da subjetividade silenciosa da tomada fotográfica das casas com aberturas lacradas, imagens reveladoras da ausência e da presença humana deslocadas na passagem do tempo e, menos da objetividade pretendida pela divulgação dos múltiplos. Mas é preciso reconhecer que a proposta da artista, dividida com o visitante, revela-se como recordação de uma vivência particular e divulga-se como lembrança de uma experiência pública, em que cada múltiplo-produto-arte, pode tornar visível o drama.
Nara Cristina Santos




Nara Cristina Santos

11.12.09

Apresentação em trânsito para uma poética em processo

Paulo Gomes*

Flâneries

Kelly Wendt é uma flâneuse, deambulando pela cidade, do presente para o passado, cultuando as suas ruínas e fascinada pela antiguidade que vai fabricando, reação de preservação a ação da destruição, conforme Cristina Freire (1997). Sua relação íntima com a sua cidade de adoção – Pelotas/Satolep – ecoa nas imagens visionárias do passado – que ela preserva/expondo em vitrines – e ainda nos textos que a (d)escrevem. Uma cidade palíndromo que não existe senão na memória das suas ruínas.

Ruínas

Cidade de casas aleijadas, cegas e mudas, corpos agora desfigurados. Guardiões silenciosos de algo que já não existe senão naquela vaga lembrança que ficou impressa nas (des)construções. Ação tão romântica essa de pintar ruínas, a sensibilidade "pelo viés da melancolia"! (Coli, 2004).

Ateliê

A cidade é o seu ateliê, seu lugar de ação e lugar de reflexão no qual sua câmarafone atua como objeto de registro e de memória. Para além da ferramenta de trabalho, seus desdobramentos avançam em imagens multiplicadas em postais e em adesivos, registros temporários de uma ação infinita, pois que é de caráter mais filosófico do que físico. Sua poiética é resultado da sua flânerie, que associada aos recursos da publicidade, possibilita um fazer artístico marcado pela mestiçagem de meios e pela mirada precisa nos objetivos.

Poética

A arte da fantasmagoria, da construção a partir da imaterialidade das coisas por meio da materialidade do desejo, conforme Agambem (2007). A poética em questão é a da reconstrução da imagem perdida, da identidade apagada, da memória obscurecida. Reconstrução da aura destruída do objeto através da criação da aura amplificada nas imagens múltiplas. Circulação de imagens. O espaço e a transitoriedade expandidos nesse imenso ateliê que é a cidade.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Estâncias: a palavra e o fantasma na cultura ocidental. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.

COLI, Jorge. Ponto de Fuga. SP: Perspectiva, 2004, p. 30.

FREIRE, Cristina. Além dos mapas: os monumentos no imaginário urbano contemporâneo. SP: SESC/Annablume, 1997, p. 57

* Artista plástico e professor no DAV-UFSM.




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30.11.09

A cidade que não vemos

A arte sempre teve por vocação abrir na história espaços para novos olhares, produzindo imagens críticas que provoquem um verdadeiro despertar.

Edson Luiz André de Souza

A cidade de Pelotas, lugar onde vive Kelly Wendt, é o sítio que lhe proporciona o surgimento do seu trabalho plástico. A relação com o lugar faz com que a matéria prima de suas fotografias esteja ao seu alcance durante as caminhadas numa conexão entre o corpo, o espaço e o tempo. As imagens captadas são o resultado do olhar diferenciado da artista, pois ela registra elementos não percebidos pelos que fazem os seus trajetos habituais. Reforçando esta situação escolho palavras da artista Daniela Cidade:

O fotógrafo ao tornar-se um flâneur visual, pode se tornar alguém obsessivo em tentar registrar aquilo que passa despercebido no dia-a-dia. A velocidade e a falta de atenção do espectador para o espaço urbano produz uma descontinuidade na percepção espacial. (CIDADE, D. 2005, p.90)

Em meio à trama urbana, Kelly realiza um inventário das casas abandonadas de Pelotas. As casas cegas e mudas que outrora faziam parte da arquitetura da cidade, hoje nada mais são do que corpos em ruínas e em silêncio guardiões de segredos e histórias dos que lá viveram. Como corpos abandonados ao seu próprio destino, cegos e mudos, com suas portas e janelas lacradas por tijolos ou tapumes, configuram um cenário de estranhamento à cidade, despidos de sua verdadeira razão de ser: a casa-morada. A presença faz-se ausência.

Na condição de escrever sobre o trabalho de Kelly, tento adentrar-me em sua poiética e acompanhar o vir a ser de sua obra. O seu processo criativo dispensa o ateliê - lugar de fabricação de imagens - e captura as que lhe são apropriadas através de seu celular, ou câmerafone, como o define. O uso dessa ferramenta eletrônica, de fácil manuseio e transporte, insere-se na contemporaneidade, onde o tempo veste-se de outros tempos para além do cronológico e onde vários artistas penetram com seus registros.

Kelly conjuga alguns verbos para construir a sua poética: caminhar, registrar, repetir, colecionar, apropriar, dentre outros. Em suas andanças através dos labirintos da cidade, resgata imagens de casas singulares que apresentam em comum transposições de significados; isolados de suas funções tornam-se corpos desprovidos de vida pontuando relações entre o escuro do lado de dentro e o invisível do lado de fora. Poucas vezes o avesso desses corpos é revelado por alguma fresta que deixa entrever as poeiras da alma, os vestígios e as memórias de quem ali habitou. Somos olhados por este passado e por esta perda e somos remetidos às palavras de Didi-Hubermann (1998, p.31): "... devemos fechar os olhos para ver quando o ato de ver nos remete, nos abre a um vazio que nos olha...".

A artista destaca construções com a escolha de alguns lugares, promovendo uma ação que consiste em produzir cartões postais e remetê-los aos moradores próximos e a lugares de grande circulação. Depois da ação, Kelly atinge o seu propósito na reação com o possível reconhecimento das imagens e do abandono das casas, tornando-as visíveis e estabelecendo diálogos para o resgate e conservação da memória.

O seu trabalho realizado em duas etapas, com o lançamento de postais e com o mapa adesivado no chão, como uma cartografia, indica lugares/não-lugares, mostrando-nos uma obra rica e experimental em sua pesquisa para a instauração de um espaço de reflexão e não-indiferença.

O tema está proposto e aos observadores de sua poética fica o convite: viajar por este território através de seu processo criativo. Nós contempladores da frágil existência humana, vamos povoar o nosso imaginário com a visão dessas casas e a infinitude que deixam marcas sutis no nosso coração e na nossa memória.

As casas sem alma, com sua interioridade encerrada, estão no interstício entre a ausência e a presença e na sutura entre a arte e a vida.

Ana Méri Zavadil /Curadora

Mestranda em Artes Visuais UFSM/ Bolsista Capes



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10.11.09

3 x 3: poéticas em processo





É o resultado do trabalho desenvolvido por entre os artistas Fernando Codevilla, Kelly Wendt, Odete Calderan e seus colegas teóricos Ana Méri Zavadil, Greice Antolini, Rejane Berger, uma exposição de trabalhos de pesquisadores que atuam sob a marca da sistematização no terreno movediço dos projetos. Enquanto pesquisadores, nossos artistas articulam suas poéticas -a prática e a reflexão teórica- registrando passo a passo o processo intaurador. Atuando no estreito limite entre o fazer e o pensar arte, sem estarem presas a modelos previamente estabelecidos, suas obras transitem por procedimentos tradicionais e contemporâneos, como a atividade híbrida de Vj de Fernando Codevilla, a ação atemporal das deambulações de Kelly Wendt e o fazer cerâmico de Odete Calderan. Também variados são seus suportes, seus materiais e suas técnicas, um universo que acolhe o objeto cerâmico, a câmerafone, a imagem digital, o corpo, o vídeo, os postais, os sons, os adesivos, a fotografia.

São artistas contemporâneos na articulação da reflexão teórica e das poéticas, na consciência da transitoriedade e da efemeridade das coisas; na ampliação do conceito de ateliê como lugar qualquer no mundo; na certeza da necessidade da circulação de idéias e de imagens ( não importa como, contando que circulem). São atores/autores de poéticas fundadas nos deslocamentos, nas caminhadas e nas derivas, procedimentos contemporâneos (se bem que fundados na história). Mas eles são românticos ao re-materializar com as suas ações, nos sentidos dos que os veêm e os ouvem, a aura das obras de arte outrora destruída. São românticos como jovens do século XIX, ao mesmo tempo contraditórios e paradoxais, utópicos e realistas, contemporâneos e nostálgicos, idealistas e pragmáticos,permanentes e transitórios, como tão bem assenta aos românticos de quaisquer épocas.

Paulo Gomes/ Curador da exposição 3x3
Professor Doutor em Artes Visuais/ UFRGS